As vantagens de ser invisível

Ao contrário dos textos que pretendo colocar nesse site, já adianto que esse será um pouco mais pessoal e com muito menos embasamento teórico. Embora, talvez no futuro, eu venha a usar o livro As vantagens de ser invisível em algum artigo sobre dissociação/transtorno dissociativo, do qual o nosso querido protagonista Charlie sofre e sobre o qual já li um pouco. Enfim, isso é apenas uma possibilidade; mas em relação ao presente texto - que é uma certeza -, espero que gostem, apesar d'ele ter sido escrito sem pretensão alguma na época em que eu me vi com tempo para ler bastante, antes da faculdade.

Antes de tudo, acho que devo pelo menos falar um pouco sobre a história em si: para aqueles que nunca leram ou assistiram As vantagens de ser invisível, os acontecimentos se passam nos Estados Unidos dos anos 90 e são narrados por um calouro de ensino médio (Charlie), o qual ao longo da trama revela sintomas de depressão e transtorno dissociativo. Além disso, o autor e diretor Stephen Chbosky aborda alguns outros temas - ainda que de maneira mais superficial -, tais como abuso sexual e suicídio; porém não acredito que eles sejam abordados de uma maneira tão pesada, principalmente pela presença de Sam e Patrick, interpretados por Emma Watson e Ezra Miller, respectivamente, ao longo da narrativa, veteranos que se tornam bons amigos do protagonista e ajudam a tornar seu primeiro ano mais leve.

Bom, agora posso finalmente falar sobre minha relação com a obra: li o livro pela primeira vez lá pelos meus 12 anos e lembro que não demorei muito para terminá-lo; naquela época, eu lia com uma certa pressa - não me pergunte o porquê - e quase sempre durante as aulas da escola. Inclusive, talvez tenha sido por isso que eu não compreendi boa parte do que era relatado pelo Charlie, mas desconfio que o maior motivo tenha sido a minha falta de maturidade - que não é de se surpreender, já que eu ainda era praticamente uma criança.

De qualquer maneira, essa história veio a ser uma das minhas favoritas, de modo que assisti o filme várias vezes, cada vez percebendo uma coisa ou outra que até então não havia notado. Apesar de ter visto tanto o filme, gosto mais do livro, que, como é o caso da maioria das adaptações, traz consigo mais detalhes, tornando a obra inteira mais verossímil. Entretanto, durante meu ensino médio, não me vi com tempo suficiente para ler livros por lazer - na verdade, tempo eu tinha, só não fazia disso uma prioridade - e por isso o meu exemplar ficou parado na estante por um bom período.

Ah, é claro. O motivo pelo qual gosto da história? Eu suspeito que seja pelo fato de que há alguns momentos em que consigo me ver no lugar do Charlie, além de que gosto bastante de observar e analisar o comportamento das pessoas de um modo geral. O que também me cativou na obra foram alguns trechos, entre eles está o famoso “Nós aceitamos o amor que achamos merecer” e, embora esse não seja um dos meus favoritos, creio que seja um dos mais marcantes, justamente pela proposta da narrativa.

Assim, por fim, gostaria de encerrar com algumas frases que mais me cativaram ao reler As vantagens de ser invisível :

"É só que às vezes as pessoas usam o pensamento para não participar da vida." (Charlie)
"Quando estava indo para casa, só conseguia pensar na palavra 'especial'. E pensei que a última pessoa que me disse isso foi a tia Helen. Foi muito bom ter ouvido isso novamente. Porque eu acho que todos nós nos esquecemos às vezes. E eu acho que todo mundo é especial à sua própria maneira. É o que eu penso." (Charlie)
"(...) eu pensei que a sua tristeza era muito mais importante para mim do que Craig não ser mais seu namorado. E que se isso significava que eu nunca mais ia pensar em você daquele jeito, desde que você fosse feliz, por mim estava tudo bem. Foi quando eu percebi que realmente amava você." (Charlie)
“Você não pode se limitar a se sentar lá, colocar a vida de todos à frente da sua e pensar que o que importa é o amor. Não pode fazer isso. Você tem que fazer coisas." (Sam)
"Então, acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas. Mas mesmo que não tenhamos o poder de escolher quem vamos ser, ainda podemos escolher aonde iremos a partir daqui. Ainda podemos fazer coisas. E podemos tentar ficar bem com elas." (Charlie)